A psicóloga Cláudia Puntel é “coach de noivas”. Ela se especializou em atender noivas durante o (muitas vezes longo) período de preparativos do casamento. No divã de Cláudia há noivas à beira de um ataque de nervos – ou quase isso -, e ela as ajuda a atravessar aquele momento de estresse, que inclui não só a organização da cerimônia, mas também a chegada de uma nova vida. Claro que nem todas as mulheres se sentem assim. Mas uma boa parte não consegue administrar as preocupações, e acaba criando conflitos com o noivo e com a família, afima Cláudia. Não à toa seu consultório, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, está sempre cheio.
Quais são as principais preocupações de uma noiva?
O momento do casamento representa uma mudança de na vida de uma mulher. A namorada, que na maior parte das vezes, mora com os pais e não tem grandes responsabilidade, se transforma em uma mulher que terá uma casa para administrar – e com um homem para dividir o teto. No meio disso tudo, há uma cerimônia que traz para sua vida um acúmulo de funções enorme. A fonte principal dos problemas é a cobrança que ela faz a si mesma na preparação deste casamento. Há também pressões familiares e conflitos entre as duas partes em relação à lista de convidados, aos padrinhos que serão escolhidos e, muitas vezes, ao abismo entre os desejos de como deve ser a cerimônia e o orçamento disponível. As noivas têm uma grande dificuldade de delegar funções. Não confiam que os outros fazem bem feito, então ficam sobrecarregadas, monopolizando as tarefas.
E a escolha do vestido, da maquiagem, também estressam a noiva?
Sim! Elas ficam extremamente preocupadas em estar maravilhosas para os noivos, que rem estar deslumbrantes para a entrada triunfal. Questionam mil vezes o vestido, o véu, tudo. E muitas querem emagrecer loucamente e acabam fazendo dietas malucas que as deixam ainda mais estressadas.
O que deixa uma noiva à beira de um ataque de nervos?
São três as coisas que enlouquecem as noivas. A primeira são os conflitos familiares. Elas já estão, de antemão, sobrecarregadas e muito sensíveis, o que as deixa menos tolerantes. Então quando há pressões de pai, mãe, sogra, elas explodem. A segunda é quando ela quer que o noivo participe e ele não está nem aí, quer ser uma espécie de convidado do próprio casamento. Por fim, é o que eu chamo de “síndrome do copo vazio”: ela tem uma dúvida crônica que a deixa indecisa – e tensa – em relação a tudo. Ela não consegue abrir mão de nada em prol de nada, assim, o casório fica paralisado. Quando ela decide alguma coisa, logo se arrepende, vê algo diferente em uma revista…e volta toda a indecisão. Essas noivas são muito preocupadas em agradar.
Por trás de uma noiva nervosa, há sempre um noivo neurótico?
O problema todo é combinação dos noivos. Se ela é manipuladora e ele não se importa muito com nada, tudo bem. Se os dois contribuem juntos, melhor ainda. Mas há situações em que a noiva que quer monopolizar as decisões encontra um noivo que também quer participar de tudo (e os dois discordam) ou quando uma noiva que deseja muito compartilhar as escolhas encontra um noivo que não tem paciência para opinar sobre os preparativos.
Há muitos noivos que quase cancelam a cerimônia por causa de estresse e brigas relaticos à cerimônia?
Nunca conheci um noivo que quisesse acabar com tudo por causa disso. Mas atendi várias noivas que pensaram em desistir do casamento ou, ao menos, da cerimônia, por causa de conflitos com a família do noivo. Mas sempre consegui ajudar a reverter a questão. Os homens, de modo geral, têm bastante tolerância com o estresse feminino, fases de TPM, etc. Eles aprendem a sobreviver às crises.
As noivas mais novas são as mais estressadas ou as mais velhas?
Sem dúvida, as mais novas e menos experientes são as mais estressadas. Muitas têm vida de princesa na casa dos pais, não fazem ideia de como administrar uma casa. É uma carga muito pesada pra elas. As noivas mais maduras muitas vezes já moram sozinhas, são independentes, estão mais seguras no mercado de trabalho. Acabam tirando de letra os preparativos, tudo vira prazer.
As mães das noivas muitas vezes vão ao divã também?
Gosto muito de trabalhar o que em terapia de família chamamos “família de origem”, mas nem sempre eles estão disponíveis. A mães, de gerações diferentes, muitas vezes entram em conflito na hora da preparação do casamento. Então eu as ajudo a se comunicar de formas mais tanquilo, uma escutar a outra, validando as opiniões. Já os pais muito apegados às filhas sentem muito essa mudança. Desde pequenas as meninas costumam ser as queridinhas do papai. Muitos ficam um pouco tristes, sentem que estão perdendo as filhas.
O que mais uma psicóloga pode fazer por uma noiva estressada?
Eu sempre digo que atuo em muitas frentes, desenvolvo competências que estão enfraquecidas ou não existem: autonomia, independência, autoconfiança, autoestima, capaciade em dar limites e dizer não. Auxilio nos conflitos servindo como mediadora nos conflitos familiares. Também acabo sendo uma amiga, quando a noiva não tem mais a mãe ou quando ela mora longe.
Quais as histórias mais difíceis com que você já se deparou?
Conheci uma noiva que bateu recorde de coflitos familiares: a mãe e o pai dela não falavam com o noivo; uma madrinha não falava com um padrinho que ela queria convidar; a mãe também não aceitava a segunda mulher do pai no altar… Ela tinha certeza de que estaria sozinha no altar com o noivo. Mas acabou não sendo assim. Atendi uma noiva que remarcou quatro vezes a data do casamento porque queria o clima ideal. Acompanhava a meteorologia, chegou a estudar ciclos lunares, tudo para tentar controlar o incontrolável. Houve uma noiva que mudou o vestido cinco vezes. Acho que, na medida do possível, ajudei todas elas.
Fonte: http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2011/05/29/noivas-a-beira-de-um-ataque-de-nervos/
segunda-feira, 30 de maio de 2011
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2 comentários:
Adorei!
To seguindo!
:)
Bjinhus, Patty
http://pattybarbosas2.blogspot.com/
Muito boa esta matéria, o meu pai é um desses ai que ela citou, e pra ajudar estou organizando o casamento a 2000 Km de distância,
e que está vendo a maioria das coisas pra mim é a minha sogra (que é uma porta), fala se ñ é pra estar a beira do desespero rsss
beijos
@bruonline
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