terça-feira, 23 de junho de 2009

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A festa que inspira até mesmo a sétima arte
A beleza, as tradições e, claro, as agruras que envolvem o casamento são tema recorrente no cinema, que não se cansa das noivas.

Aline Oliveira

Quando se compara algumas festas de casamento com contos de fadas, não se trata de exagero. Ao contrário, não é a vida que imita a arte, mas a arte que imita a vida e, neste caso, o agitado período de preparativos e a cerimônia do sim são fonte de pura inspiração para os diretores – e isso há muitas décadas. E, apesar de não ser um clichê, como acontece com as novelas (em que todo último capítulo tem que ter casamento e bebês nascendo), de uns tempos para cá a festa tem, sim, ocupado cada vez mais espaço nas telonas. E tudo é motivo para ser filmado e filmes inteiros giram em torno disso: dos rituais, das tradições, das complicações.

O crítico e cinéfilo assumido Renato Félix lembra um clássico do cinema envolvendo o casório e que, de tão bom, foi refilmado: 'O Pai da Noiva', rodado há quase seis décadas (o filme é de 1950) já tratava, com muito bom humor, da crise do ninho vazio por que passam os pais ao verem suas filhas dizendo sim para outro homem. O título, que na versão original tinha Elizabeth Taylor no elenco, foi refilmado na década de 1990, colocando Steve Martin no papel do pai sofrido. “Mas foi depois de 'Quatro Casamentos e um Funeral' (1994), que o tema se tornou popular”, conta.

O filme, com Hugh Grant na pele de um solteirão que não quer saber de casar, acontece durante as cerimônias e brinca muito com essas tradições todas: o seu lugar marcado em uma mesa onde você não conhece ninguém, o discurso engraçadinho dos padrinhos, se arrumar em cima da hora, as paqueras na festa, a música ruim. De lá para cá, a lista só cresceu, como lembra Renato. “Já tivemos 'O Casamento de Muriel' (1994), 'O Casamento do Meu Melhor Amigo' (1997), 'Casamento Grego' (2002) e 'Mamma Mia!' (2008)”.

Mesmo sem ser o tema central, o grande dia também marca outras produções, que contam com cenas antológicas de altar. “Eu gosto muito da cena de casamento de 'A Noviça Rebelde', por exemplo, numa grande igreja e as freiras assistindo de longe”, opina o crítico, que também destaca o final de 'Cinderela', com a famosa imagem do casal rumando para o "felizes para sempre". Em outras, o que prevalecem são as confusões, como em 'A Primeira Noite de um Homem' e o brasileiro 'Lisbela e o Prisioneiro', em que as noiva fogem do altar. A fúria dos pais também é retratada com humor no casamento sêxtuplo de 'Sete Noivas para Sete Irmãos' – os noivos casam com armas apontadas para eles! E para quem espera casamento mesmo sem cerimônia, a animação stop-motion 'A Noiva Cadáver' tem uma noiva em busca de seu par.

Quando a vida real ganha status de cinema
Nem só de Angelina Jolie e Brad Pitt, o casal mais fotografado do momento, vive o mundo dos casamentos de celebridades de Hollywood. Elizabeth Taylor, por exemplo, deve uma parte de sua fama por já ter casado oito vezes, sendo duas delas com o mesmo marido, o ator Richard Burton. Para Renato Félix, no entanto, quem ganha o prêmio entre os mais felizes são Paul Newman e Joanne Woodward, que foram casados por quase 50 anos até a morte dele, em 2007, depois de atuarem juntos em dez filmes, quatro deles dirigidos por Newman. “Uma vez perguntaram qual o segredo do longo casamento deles e ele respondeu: ‘Eu não sei o que ela coloca na minha comida’”, conta o crítico.
Independente da beleza ou da fama dos envolvidos e do sucesso ou não das suas relações, o casamento continua sendo uma marca forte no cinema por ser um dos mais importantes ritos de passagem da humanidade. Paralelo a isso, tudo que antecede a cerimônia é considerado por Félix um prato cheio para quem faz cinema. “Os filmes brincam com a obsessão do ser humano por controlar uma situação na qual um detalhe pode colocar tudo a perder”, avalia. Há um protocolo muito grande envolvido numa cerimônia de casamento e quebrá-lo também é uma tentação grande. E o cinema não vai perder a oportunidade de entreter as pessoas com isso.

Musas brasileiras também ditam moda
Por aqui, falando apenas em 2008, duas noivas de nomes famosos foram a sensação entre as casadoiras brasileiras: Sandy e Juliana Paes estão, até hoje, entre os assuntos mais procurados na internet por terem subido ao altar em cerimônias realizadas em situações absolutamente opostas. Enquanto a cantora pop, que oficializou sua união com Lucas Lima no dia 12 de setembro, promoveu uma festa para apenas 250 convidados na chácara do seu pai, a atriz global abriu as portas de sua festa lotada de gente famosa para a imprensa registrar tudo.
Mas o ano também foi de Cláudia Leitte, que deu uma festa requintada na Bahia, mas com o astral do carnaval de Salvador, e de Daniela Zurita, que chegou de carruagem com o pai na fazenda paulista onde se casou com o chef Edu Guedes em uma cerimônia de sonhos. E, chique como poucas, quem também subiu ao altar foi Isabela Fiorentino, levando o nome das amigas solteiras escrito na barra interna do seu vestido de seda pura confeccionado pelo costureiro Tufi Duek.
Não é de hoje que casamentos de famosos fazem a cabeça das noivinhas. Quem não se lembra do casamento de princesa (literalmente) de Lady Di com o príncipe Charles ou mesmo o de Ronaldo e Daniela Cicarelli – que talvez tenha proporcionado o maior vexame da história. Na vida real, no entanto, poucas noivas estão buscando inspiração no cinema, o que torna o tema ainda quase inédito, como explicam os profissionais que atuam na área. “Este ainda é um tema pouco explorado, já que a maioria das noivas ainda prefere mesmo uma festa com ar mais tradicional”, avalia a cerimonialista Renata Botelho.

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