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Quando se compara algumas festas de casamento com contos de fadas, não se trata de exagero. Ao contrário, não é a vida que imita a arte, mas a arte que imita a vida e, neste caso, o agitado período de preparativos e a cerimônia do sim são fonte de pura inspiração para os diretores – e isso há muitas décadas. E, apesar de não ser um clichê, como acontece com as novelas (em que todo último capítulo tem que ter casamento e bebês nascendo), de uns tempos para cá a festa tem, sim, ocupado cada vez mais espaço nas telonas. E tudo é motivo para ser filmado e filmes inteiros giram em torno disso: dos rituais, das tradições, das complicações.
O crítico e cinéfilo assumido Renato Félix lembra um clássico do cinema envolvendo o casório e que, de tão bom, foi refilmado: 'O Pai da Noiva', rodado há quase seis décadas (o filme é de 1950) já tratava, com muito bom humor, da crise do ninho vazio por que passam os pais ao verem suas filhas dizendo sim para outro homem. O título, que na versão original tinha Elizabeth Taylor no elenco, foi refilmado na década de 1990, colocando Steve Martin no papel do pai sofrido. “Mas foi depois de 'Quatro Casamentos e um Funeral' (1994), que o tema se tornou popular”, conta.
O filme, com Hugh Grant na pele de um solteirão que não quer saber de casar, acontece durante as cerimônias e brinca muito com essas tradições todas: o seu lugar marcado em uma mesa onde você não conhece ninguém, o discurso engraçadinho dos padrinhos, se arrumar em cima da hora, as paqueras na festa, a música ruim. De lá para cá, a lista só cresceu, como lembra Renato. “Já tivemos 'O Casamento de Muriel' (1994), 'O Casamento do Meu Melhor Amigo' (1997), 'Casamento Grego' (2002) e 'Mamma Mia!' (2008)”.
Mesmo sem ser o tema central, o grande dia também marca outras produções, que contam com cenas antológicas de altar. “Eu gosto muito da cena de casamento de 'A Noviça Rebelde', por exemplo, numa grande igreja e as freiras assistindo de longe”, opina o crítico, que também destaca o final de 'Cinderela', com a famosa imagem do casal rumando para o "felizes para sempre". Em outras, o que prevalecem são as confusões, como em 'A Primeira Noite de um Homem' e o brasileiro 'Lisbela e o Prisioneiro', em que as noiva fogem do altar. A fúria dos pais também é retratada com humor no casamento sêxtuplo de 'Sete Noivas para Sete Irmãos' – os noivos casam com armas apontadas para eles! E para quem espera casamento mesmo sem cerimônia, a animação stop-motion 'A Noiva Cadáver' tem uma noiva em busca de seu par.
Quando a vida real ganha status de cinema
Nem só de Angelina Jolie e Brad Pitt, o casal mais fotografado do momento, vive o mundo dos casamentos de celebridades de Hollywood. Elizabeth Taylor, por exemplo, deve uma parte de sua fama por já ter casado oito vezes, sendo duas delas com o mesmo marido, o ator Richard Burton. Para Renato Félix, no entanto, quem ganha o prêmio entre os mais felizes são Paul Newman e Joanne Woodward, que foram casados por quase 50 anos até a morte dele, em 2007, depois de atuarem juntos em dez filmes, quatro deles dirigidos por Newman. “Uma vez perguntaram qual o segredo do longo casamento deles e ele respondeu: ‘Eu não sei o que ela coloca na minha comida’”, conta o crítico.
Independente da beleza ou da fama dos envolvidos e do sucesso ou não das suas relações, o casamento continua sendo uma marca forte no cinema por ser um dos mais importantes ritos de passagem da humanidade. Paralelo a isso, tudo que antecede a cerimônia é considerado por Félix um prato cheio para quem faz cinema. “Os filmes brincam com a obsessão do ser humano por controlar uma situação na qual um detalhe pode colocar tudo a perder”, avalia. Há um protocolo muito grande envolvido numa cerimônia de casamento e quebrá-lo também é uma tentação grande. E o cinema não vai perder a oportunidade de entreter as pessoas com isso.
Musas brasileiras também ditam moda
Por aqui, falando apenas em 2008, duas noivas de nomes famosos foram a sensação entre as casadoiras brasileiras: Sandy e Juliana Paes estão, até hoje, entre os assuntos mais procurados na internet por terem subido ao altar em cerimônias realizadas em situações absolutamente opostas. Enquanto a cantora pop, que oficializou sua união com Lucas Lima no dia 12 de setembro, promoveu uma festa para apenas 250 convidados na chácara do seu pai, a atriz global abriu as portas de sua festa lotada de gente famosa para a imprensa registrar tudo.
Mas o ano também foi de Cláudia Leitte, que deu uma festa requintada na Bahia, mas com o astral do carnaval de Salvador, e de Daniela Zurita, que chegou de carruagem com o pai na fazenda paulista onde se casou com o chef Edu Guedes em uma cerimônia de sonhos. E, chique como poucas, quem também subiu ao altar foi Isabela Fiorentino, levando o nome das amigas solteiras escrito na barra interna do seu vestido de seda pura confeccionado pelo costureiro Tufi Duek.
Não é de hoje que casamentos de famosos fazem a cabeça das noivinhas. Quem não se lembra do casamento de princesa (literalmente) de Lady Di com o príncipe Charles ou mesmo o de Ronaldo e Daniela Cicarelli – que talvez tenha proporcionado o maior vexame da história. Na vida real, no entanto, poucas noivas estão buscando inspiração no cinema, o que torna o tema ainda quase inédito, como explicam os profissionais que atuam na área. “Este ainda é um tema pouco explorado, já que a maioria das noivas ainda prefere mesmo uma festa com ar mais tradicional”, avalia a cerimonialista Renata Botelho.
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