Brigas ao pé do altar
Casamento marcado! Você é a pessoa mais feliz do mundo.
Por Bel Vieira
http://msn.bolsademulher.com/amor/materia/brigas_ao_pe_do_altar/4314/1
Você está de casamento marcado, seus pais sorriem de orelha a orelha, suas tias velhas te dão os parabéns, suas amigas bem que tentam disfarçar, mas estão se mordendo de inveja. Parece que você está vivendo uma fase sensacional, seus sonhos são cor-de-rosa, passarinhos azuis te dão bom-dia. Só que na hora de botar a cabeça no travesseiro, naquele momento em que sua única companhia é você e mais ninguém, aparece a cruel e impiedosa realidade - as coisas não vão bem como todo mundo pensa. É tanta preocupação: véu, aliança, festa, padre, proclamas, lugar pra morar, daminhas, padrinhos, lista de presentes, bolo, doces caramelados, enfeites de mesa, buquê... Você tem que resolver tudo isso e ainda estar linda, magra e amando loucamente o noivo. Quem está de fora, queria mais é estar no seu lugar. Mas tem um monte de noivaarrancando os cabelos, o véu, a grinalda e, pior, querendo arrancar a cabeça do futuro marido, tamanho estresse pré-matrimonial. Acredite se puder: casar não é mole e tem muita gente pensando em terminar pouco antes de começar.
Uma coisa é certa: namorar é muito diferente de casar, montar uma casa, dividir projetos de vida e até a grana no final do mês. O namoro da estudante Bianca G. ia muito bem, até que eles resolveram juntar os trapinhos. "Foi uma decisão pensada, a gente já estava junto há três anos e se dava muito bem. Só que o tema casamento vinha sempre acompanhado de estresse e discussão. Por mais que o objetivo fosse o mesmo, cada um queria de um jeito diferente: a festa, a casa, a lua-de-mel", conta Bianca, que descobriu durante os preparativos que não estava preparada para casar. "Já tinha anunciado pra todo mundo, foi a maior decepção quando falamos que tínhamos decidido esperar mais um pouco. Colocamos a culpa na grana curta, mas não foi isso. A verdade é que um assunto como esse não pode gerar tanta discórdia, é sinal de que algo está errado", teoriza a estudante, que continua namorando o mesmo namorado, sem traumas ou ressentimentos. Ela vai sair da casa da mãe e dividir um apê com uma amiga, onde o namorado será sempre bem-vindo.
Não foi só a Bianca que viu seu namoro parecer um campo de batalha quando a idéia de casamento virou assunto principal dos jantares românticos do casal. Aconteceu também com a vendedora Daniela V., que pensou em jogar a aliança pro alto no mês anterior ao casório. "O nosso namoro estava ótimo, tão bom que resolvemos nos casar. Mas é tanta mão-de-obra, tantas decisões a tomar num momento em que parecíamos mais sensíveis, que começamos a brigar como nunca havia acontecido antes. Se ele queria um grupo de música, eu queria DJ. Se ele queria cerimônia à noite, eu queria de manhã. Se ele queria aliança prateada, eu queria dourada. E o pior é que parecia que a gente fazia isso só pra demarcar o nosso espaço e não ceder à vontade do outro", explica Dani, assumindo que se sentia insegura sobre seus sentimentos e os sentimentos do noivo. A coisa só deu uma melhorada quando eles assinaram um papel. "Parece besteira, mas depois que demos entrada no casamento civil, veio a segurança que eu estava precisando. O papel foi importante para ver que a nossa escolha ainda estava de pé apesar de toda apurrinhação. Era algo sólido e que não ia acabar por causa de meia dúzia de brigas bobas", conta a vendedora, de casamento marcado para os próximos dias e mais apaixonada do que nunca.
Na teoria, o casamento é só dos dois pombinhos. Mas a gente sabe que, na prática, pai e mãe teimam em se meter. Resultado: mais motivo debriga para o futuro casal. A publicitária Isabelle R. teve que administrar os problemas com o noivo mais a cobrança da mãe, que é super-rígida. "Eu e Felipe brigamos muito até chegarmos a uma conclusão sobre o número de convidados. Quando estava tudo resolvido, minha mãe chegou com uma lista só dos convidados dela que superava o número que a gente tinha pensado para nós dois! A gente queria algo simples, e ela queria o acontecimento do ano. A gente queria só uma festa e ela queria nos empurrar uma cerimônia religiosa goela abaixo", lembra a publicitária, que tentou agradar mãe e marido, mas não conseguiu agradar ninguém. Acabou adiando o casamento. "Deixamos a aliança no dedo direito, ele está morando no apartamento que alugamos e eu vou lá sempre que quero. Mas o casamento mesmo ficou temporariamente adiado, porque estávamos com os ânimos exaltados, minha mãe estava impossível e resolvemos aguardar um pouco mais", revela Isabelle, sem disfarçar uma ponta de tristeza. "Não era nada disso que eu tinha sonhado e isso gerou uma frustração muito grande", confessa.
Antes que a leitora do Bolsa comece a chorar em solidariedade, damos a palavra a psicóloga especialista em relacionamento amoroso Mariana Matos, que afirma não haver motivo para pânico. "Sim, é comum haver brigas tanto durante os preparativos, como nos primeiros tempos de matrimônio. Apesar de parecer uma contradição, é absolutamente natural e esperado. O motivo é o seguinte: cada um vem de uma família com uma história própria, um modo de pensar. Mesmo que façam parte da mesma classe social e compartilhem uma realidade parecida, nenhuma família é igual à outra, simplesmente possuem hábitos diferentes", explica a psicóloga. Desse modo, é necessário um tempo para que o casal consiga encaixar seus hábitos na vida do outro. "É muito freqüente a ocorrência de conflitos, sendo muito importante para o entendimento que ambos possam relativizar as coisas, procurando compreender a maneira do outro pensar, tentando chegar a um acordo", afirma a psicóloga, ressaltando que o casal terá sua própria forma de agir e pensar no dia-a-dia, ou seja, não serão mera cópia do que a família de um ou de outro pensa.
Sobre a interferência dos pais, Mariana ressalta que este é um momento em que muitas vezes as expectativas dos outros se misturam com as dos próprios membros do casal. "É importante que não tomem esse ou aquele rumo para não desapontar a família, mas que pensem apenas em seu bem-estar", adverte. Agora, uma ótima notícia: segundo Mariana, os desentendimentos nesse período nada têm a ver com falta de amor, e tampouco são um sinal de que o casal não combina ou não se dá bem. "Obviamente, muitos casais não conseguem superar essa fase, mas é importante que haja bastante diálogo, e que ambos estejam atentos para suas próprias atitudes, que não devem ser rígidas", finaliza.
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