quarta-feira, 8 de julho de 2009

O Bem Casado continua sendo o rei da festa

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Mesmo já sendo encontrado em muitas versões de sabores ou embalagens, o doce original mantém a tradição de ser um símbolo de felicidade e amor eterno

O que um doce feito de pão-de-ló pode ter de tão especial para se tornar um ícone da celebração do casamento? A tradição histórica e, claro, um bom recheio de doce de leite e cobertura de açúcar de confeiteiro, tudo isso guardado em um embrulho caprichado, arrematado com fita de cetim da cor do buquê da noiva. O bem casado é um item quase indispensável numa festa de casamento e o mito garante: saboreá-lo após fazer um pedido é garantia de ser atendido e viver a mesma felicidade dos noivos. Envolto em muitos mitos, temperados com uma pitadinha de gula, o doce voltou à moda e ganha outros espaços, embalagens e, quem diria, até sabores.

O bem casado é um doce tipicamente português que chegou ao Brasil junto com família real como uma iguaria exclusiva da realeza, mas não demorou muito para se popularizar e ganhar o paladar dos plebeus. Aquela era uma época de populações pequenas e grandes desafios de desenvolvimento, que necessitavam de uma aceleração no crescimento populacional – as pessoas precisavam se casar e ter mais filhos para que o país crescesse junto. Para incentivar os jovens a se enamorarem e buscarem formar uma família, o bem casado (delicioso a cada mordidinha e cheio de simbolismos) era uma estratégia de popularizar a idéia do casamento como uma decisão tão prazerosa quanto o doce.

Ao longo do tempo, o bem casado passou por mudanças e se reinventou: virou biscoito (duas bolinhas unidas por goiabada) e docinho (duas bolinhas de doce de leite condensado, uma branca e outra preta, grudadas por umas fatia de cereja), mas também ganhou outros sabores. Afinal, já é possível encontrar no mercado bem casados sabor chocolate com recheio de brigadeiro ou de trufa de framboesa ou sabor pistache com recheio de framboesa. Apesar das inovações, no entanto, a tradicional combinação de pão-de-ló com doce de leite nunca saiu de cena nem perdeu a coroa – continua sendo a preferida dos noivos e o rei da festa.

Doce representa cumplicidade e respeito
Para os povos antigos, o bem casado resumia simbolicamente a predestinação do homem e da mulher para se unirem e ficarem juntos para sempre, com base na crença cristã de que Deus criou Adão e depois Eva para que não fossem duas pessoas, mas, juntas, se tornassem uma só. Ele representaria duas partes que se unem e são seladas pela cumplicidade e respeito mútuo – o que se deseja que seja o cotidiano da família que acaba de se formar.
O doce se tornou tão popular que também já ganhou versões para ser distribuído em outras ocasiões, principalmente entre as visitas a um recém nascido – e, por isso, foi rebatizado de bem nascido. Mas festas de 15 anos também já aderiram ao bem casado – seriam os bem crescidos. E, independente da simbologia, o doce faz sucesso em qualquer ambiente, mesmo que seja servido apenas como sobremesa de um jantar ou almoço em família.

Embalagem depende da criatividade
Para levar sorte para os convidados, mas também para eles mesmos (já que distribuir bem casados na festa de casamento pode trazer sorte e felicidade, de acordo com a simbologia), os noivos devem garantir dois bem casados para cada pessoa, um número que é considerado de bom tamanho. Mas se a distribuição só for feita na hora da saída, como lembrança, basta contar um para cada, sem esquecer jamais as crianças. Cada bem casado custa entre R$ 1,50 e R$ 3,00.
No quesito embalagens, a escolha vai depender apenas da variedade oferecida pela doceira e a criatividade (ou ousadia) dos noivos, já que o modelo original (embalagem de papel crepom branco e fitinha da cor do buquê da noiva) não é mais uma regra. Há, inclusive, quem inclua flores, cristais e até jóias, como terços de prata, ou que distribua os doces dentro de caixinhas.

Prioridade para a qualidade
Mas o mais importante de tudo é a qualidade do doce que será oferecido aos convidados, já que de nada adianta uma embalagem linda se o conteúdo não estiver à altura. Por isso, é sempre importante marcar uma degustação do produto se os noivos ainda não conhecem o trabalho da doceira. E procurar referências com outras noivas não é um exagero, já que é preciso ter bastante confiança no serviço contratado.
Outro detalhe que merece atenção: o prazo de validade do bem casado é relativamente elástico, mas o ideal é que ele seja consumido dentro de três dias, guardado fora de geladeira. Se sobrarem alguns e os noivos quiserem guardar para saborear depois, na geladeira, ele resiste dez dias depois de feito sem precisar de recipiente específico. No freezer, a durabilidade chega a seis meses se guardado dentro um recipiente vedado. Para comer depois, basta tirar do freezer e esperar pelo menos 30 minutos – e relembrar o doce sabor da festa.

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