terça-feira, 4 de maio de 2010

Noivos caem em golpe e família tem que servir convidados



Depois de toda cerimônia de casamento, tem a festa. Padrinhos, madrinhas, amigos, convidados, mas aí o bufê que você contratou simplesmente não cumpre o prometido. É triste, mas tem acontecido em São Paulo.


Sorriso de noiva vem sempre carregado de expectativa. Afinal, foram anos sonhando com este momento, se preparando para um dia inesquecível. Mas alguns casais querem esquecer a festa de casamento.

“É uma coisa bem difícil. Porque é um momento especial pra gente”, lamenta a optometrista Fabiana Souza e Silva.

“É um momento que não vai voltar, não tem como a gente fazer tudo de novo, infelizmente tinha que ter sido aquele dia”, reclama a comissária de bordo Andrea Vicente Pereira.

“Não é justo isso! Não foi isso que a gente sonhou”, diz a arquiteta Juliana Teixeira Bansi.

Uma festa de casamento é cheia de detalhes: decoração, bufê, docinhos, bolo, música. E justamente para não ter dor de cabeça, alguns casais contrataram uma assessora, só que essa pessoa que deveria ajudar acabou atrapalhando muito.

“Atrapalhou muito. Nós descobrimos no momento do casamento. Às 17h eu descobri que não havia bebida para o meu casamento”, conta o optometrista Everton Vanderley.

“Era a primeira filha que estava casando, minha mãe queria o momento, para uma mulher como essa estragar tudo”, se revolta a optometrista Fabiana Souza e Silva.

A mulher é Márcia Wendell. Ela também foi contratada para organizar o casamento do engenheiro civil Clayton Bansi e da arquiteta Juliana Teixeira Bansi.

“A gente teve que fazer um casamento de 300 pessoas, que a gente programou em mais de um ano, fazer acontecer em 4 horas”, lamenta Juliana.

Pelo contrato, Márcia era responsável pelos salgados, pelos doces e pela bebida da festa. Não entregou nada. As imagens da festa mostram que os pais dos noivos, padrinhos e convidados tiveram que cozinhar, servir as mesas e depois até lavar os pratos.

Gabriela Teixeira, irmã de Juliana e advogada, tenta um acordo com Márcia. A família quer de volta, pelo menos, os R$ 20 mil que acabou gastando no dia da festa, porque o bufê não cumpriu o prometido.

“O dinheiro do Clayton e da Juliana não foi usado na festa. Por quê?”, pergunta Gabriela, por telefone.

“Já te falei: porque eu passei os cheques para outras pessoas, ia pagando outras coisas e tudo”, responde Márcia.

O analista de sistemas Jair Barreto de Vasconcelos e a comissária Andrea também foram vítimas de Márcia Wendell.

“Eram quase 21h e ninguém tinha comido nada”, lembra Jair.

A assessora disse que o caminhão do churrasco tinha sido roubado. Um padrinho teve que correr para comprar a carne.

“Eu estava quase pedindo uma pizza para servir minha baixinha que ela estava com fome e estava quase chorando”, revela o padrinho José Cordeiro Lopes.

Quando José voltou, a assessora lhe pagou a despesa com um cheque sustado. O vídeo da festa mostra outros problemas: os convidados já tinham chegado e funcionários ainda pregavam a cortina, passavam com escada e caixas. Parte da decoração estava espalhada na grama.

“Os meus pais estavam muito envergonhados. Eu ia cumprimentar meus tios, eles estavam chateados”, diz Andrea.

Márcia chegou a confirmar duas vezes que falaria com o Fantástico. Mas, depois, por telefone, cancelou a entrevista e não apresentou defesa sobre as acusações.

“Eu não vou expor minha imagem”, justificou.

Silvia e Júnior também não tiveram o casamento que queriam. A empresa Kit Festa Sonho Real só entregou a comida depois que muitos convidados já tinham ido embora.

“Para uma mulher, a parte mais esperada da vida dela é o casamento e eles conseguiram destruir este meu sonho”, fala a assistente de advocacia Silvia Maria Latuf.

A empresa alega que a noiva deu o endereço errado e que o motorista tentou entrar em contato, mas não conseguiu. “Eles tinham os meus telefones, ninguém ligou”, completa Silvia.

Você está pensando em se casar? Então, preste atenção nessas dicas: pesquise todos os dados da empresa, peça referência a outros casais, busque reclamações ou denúncias na internet, consulte o site do Ministério da Justiça ou o do Procon do seu estado.

“Aí entra uma outra grande dica, que é preparar com antecedência”, indica a advogada da Pro-teste Polyanna Carlos Silva.

Faça um contrato minucioso: descreva todos os itens como a marca das bebidas, quantidade de doces. Especifique horário para entregas e para que a comida seja servida. Se o contrato não for cumprido, o casal deve ir à Justiça.

“Ele pode pedir todo o reembolso do valor que foi pago e ainda indenização por dano moral”, indica Polyanna.

É o que a professora de inglês Marjory Abulec e Marcelo estão tentando receber há um ano e meio. O casamento seria no Buffet Delphos, que foi lacrado uma semana antes da festa pela prefeitura de São Paulo.

“Na hora de comprar o sonho, esqueça um pouquinho dele e pense no lado prático”, alerta Marjory.

Ao todo, 21 casais registraram ocorrência na polícia contra o Delphos. Em nota, o advogado de defesa do Delphos informou que o bufê já fez acordo com 80% dos clientes lesados.

“A emoção que a gente não pôde curtir no dia, isso não volta nunca mais”, conclui Marjory.

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